Por Marcelo Queiroz / Life & Business Coach no Instituto Marcelo Queiroz [marcelo@institutomarceloqueiroz.com.br]
Na medida em que o mês de janeiro termina, o ano de verdade começa. Contudo, muitas pessoas ainda não colocaram em prática o que prometeram a si mesmas no final do ano passado. Muitas dessas promessas serão adiadas para a passagem de 2017 para 2018, afinal, a cada 365 dias, temos essa sensação de que haverá outra oportunidade de deixar os erros para trás e começar tudo de novo.
Embora muitos critiquem esse comportamento, é da essência humana se pautar por ciclos. A origem disso precede nossos ancestrais e remete à própria natureza. As aves que migram em busca de alimentos, os peixes que anualmente sobem para cabeceiras dos rios para se reproduzirem ou as árvores que dão frutos em apenas uma estação específica, exemplificam como os ciclos são importantes não só para o homem, como para quase todos os seres vivos.
Assim que os humanos foram do nomadismo à sedentarização, fixando-se e formando colônias, os ciclos agrícolas passaram a determinar o cotidiano das tribos e aldeias primitivas. Compreender a sucessão dos fenômenos naturais passou a ser fundamental para a sobrevivência, desencadeando uma evolução constante na forma de organizar o tempo, num processo que se estendeu até surgimento do calendário gregoriano, usado até hoje para demarcar o ano civil internacional.
Para o homem, ao lado dessa herança ancestral, desenvolveram-se uma série de hábitos e crenças. Para a maioria das pessoas, a passagem de ano vai além de uma simples mudança de datas. Para alguns, a mudança tem significados místicos e, para tantas outros, funciona como uma “justificativa” para que se faça uma reflexão sobre o que desejamos conquistar ou nos livrar.
Portanto, não há motivos para se envergonhar por ser alguém que cultiva algum ritual de passagem de ano e o pratica a cada “réveillon”. Esse hábito é natural e as pessoas que fazem isso estão apenas escolhendo um momento de ruptura com aquilo que elas não desejam, para então caminharem rumo ao que realmente querem para si.
Há, contudo, pontos positivos e negativos nesse comportamento. O negativo é que, para pessoas que tendem a procrastinar, a ideia de que os ciclos se repetem pode ser uma ótima maneira de adiar as coisas. Sempre haverá uma próxima semana, um próximo mês, uma ano novo para os quais podemos adiar o esforço de realizar uma meta.
O lado positivo é que o ser humano necessita de fazer um “bota fora” de vez em quando, desapegando-se e se livrando daquilo que lhe traz alguma espécie de sofrimento. É uma espécie de recarga moral e psicológica que nos dá força para prosseguir diante de todas as dificuldades. No fundo, todos nós sabemos que não será uma mudança no calendário que nos aproximará magicamente de nossos desejos, mas o alento e a fortaleza que sentimos quando renovamos nossa esperança e fé e essencial para que sejamos felizes.