Prosperidade na Era da Disrupção: do Engajamento ao Resultado do Negócio

Bruno Andrade, Mercer, Líder de Engajamento para a América Latina

Estamos vivenciando um despertar coletivo que nos estimula a pensar, sentir e fazer as coisas diferentes do que fazíamos antes. Nossa sociedade já está pagando um preço alto e insustentável como consequência de modelos mentais e de formas de nos relacionar que implicam uma causa e um efeito de ganhador e perdedor na maioria das ações que praticamos. Podemos perceber esse movimento mais claramente com as crises de recursos naturais, com a alarmante desigualdade social e a inquietude generalizada que experimentamos nos nossos ambientes corporativos sobre o dia de amanhã.

Será mesmo necessário estarmos ancorados na ideia de que um dia algo pode nos faltar? Até que ponto nossas atitudes com base no medo da escassez estão nos levando para a abundância ou precisamente nos lançando contra elas?

Muitas organizações no mundo todo já têm despertado para uma consciência mais expandida de que ao encontrarem e realizarem seu propósito, redefinirem seu sucesso e ampliarem o espaço para as equipes e indivíduos serem a melhor versão de si mesmos, todos irão ganhar. Na Mercer, chamamos esse movimento de Prosperidade na Era da Disrupção.

Nossa equipe de Pesquisadores Organizacionais desenvolveu um estudo com aproximadamente 800 líderes de negócio e das áreas de recursos humanos sobre quais são os principais temas que levariam suas organizações à prosperidade nessa era de transformação. As respostas foram surpreendentes, pois claramente a exponencialidade tecnológica, inteligência artificial e identidade virtual surgiram como pano de fundo na 4ª revolução industrial, mas a redefinição do que é sucesso, proposta de valor e impacto positivo para a organização, complementaridade, adaptabilidade e bem estar para as equipes e engajamento, agilidade e matching de carreira para o indivíduo é que irão definir a prosperidade organizacional de hoje e de amanhã. Em outras palavras, a relação de temas que mais surgiram:

Cultura de Integridade
Agilidade Organizacional
Liderança Responsável
Carreiras mais Atraentes
Recompensas Justas
Ambientes de Trabalho Saudáveis
Prosperidade Individual
Engajamento

Essa redefinição de sucesso se traduz, na prática, em um novo olhar para a estratégia de pessoas, pois pressupõe comportamentos articulados a partir de novos modelos mentais instalados de dentro para fora. Primeiro, as pessoas mudam a forma de olhar para sua organização, com propósito claro de contribuição e crescimento. A provocação é essa:

O que eu faço nesta empresa está contribuindo para algo além de mim mesmo?

Há outros beneficiados pelo que faço além de mim mesmo?

Para que alcançar metas e resultados?

Quanto mais clareza um indivíduo tem sobre o impacto de suas ações, e quanto mais crença ele possui de que esse impacto é positivo e combina com o que a empresa faz, maior é a probabilidade de seu trabalho gerar valor. É como você ir à academia de ginástica com a clareza dos vários motivos que te levam a estar lá: liberação da dopamina que te ajuda emocionalmente, distração e interação com pessoas diferentes que te ajuda mentalmente e, além disso, o benefício da forma física.

A organização, por sua vez, sob a ótica de seu propósito, deve pensar como envolver suas equipes nessa lógica do “ganha-ganha” em que o novo mandato é crescimento e contribuição. Isso significa que as relações de confiança, modelos mentais de experimentação e a crença genuína de que há espaço para todos podem transformar as decisões implacáveis de negócio onde muitos fazem, mas poucos ganham e usufruem dos resultados.

Quem quer trabalhar para uma empresa com a sensação de que está enriquecendo uma pequena parcela de pessoas em detrimento de muitas outras? Quem quer conviver em um ambiente em que o pavor da escassez, o medo da falta circula no ar e isso faz com que todos se comportem de forma mais individualista, não-colaborativa e com medo do novo?

Você quer sobreviver ou prosperar em uma era de disrupção?

Que tal experimentar um olhar de prosperidade onde todos possam ganhar e se surpreender com o efeito do engajamento das pessoas nos resultados de seu negócio?

  •  Elabore uma Estratégia de Pessoas orientada para o futuro

    Fique atento às armadilhas do olhar exclusivo ao curto prazo. Obviamente, articular a estratégia do presente é fundamental para a empresa seguir em frente, mas como sua organização está trabalhando os imperativos de uma força de trabalho do futuro? Quão conectada está sua estratégia de pessoas com a visão de médio e longo prazo da sua organização? Dentro de 5 anos, o que muda? O que permanece e o que deve deixar de existir? Como fazer isso?

  • Articule uma Proposta de Valor genuína

    Você tem certeza que sua empresa está vendendo bem aos funcionários o mesmo valor que oferece aos seus clientes? O que faz um funcionário permanecer em sua organização? A relação de ganha-ganha, de contribuição e crescimento está fortalecida entre os líderes e as equipes? O que contribui para sua crença e percepção de que este é o lugar que ele ou ela deve estar e que a troca é justa e engrandecedora? Já parou para pensar que diferentes públicos podem se conectar com diferentes ofertas de valor?

  •  Estimule um Ambiente de Trabalho orientado para engajamento

    Sabemos que a maioria das pessoas gosta de trabalhar em um ambiente amistoso e agradável. Mas o que realmente impulsiona a performance individual e coletiva? Sua empresa trabalha com ações práticas resultantes de feedbacks dos empregados? Há um mapeamento claro de drivers que impulsionam performance em seu negócio? O que leva as pessoas de sua organização a apresentarem um desempenho superior?

  • Cultive e estimule uma Mentalidade de Experimentação

    Abertura para inovação e diversidade de ideias com inclusão de diferentes pontos de vista. Sua organização está estimulando um risco maior para novas iniciativas? De uma forma estruturada estão conduzindo projetos paralelos para se antecipar e acompanhar a velocidade do mercado e das demandas dos consumidores?

    A conclusão a que chegamos é que momentos de grande transformação podem cultivar olhares diferentes que podem trazer resultados diferentes. As empresas que já estão despertando para essa nova forma de olhar a dinâmica de trabalho, provavelmente terão mais chances de prosperar em uma era de disrupção e não apenas sobreviver.

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