Empreendedorismo: remando contra o perfil

Por Marcelo Queiroz / MindsFactory [contato@mindsfactory.com.br]
Empreender pode ser, em alguns casos, a única alternativa para quem não consegue se reposicionar no mercado de trabalho. Com a postura adequada, é possível ter sucesso com o próprio negócio, mesmo sem ter um perfil empreendedor.

Quando se fala em empreendedorismo, a primeira coisa que se questiona é sobre o perfil de quem deseja iniciar um negócio próprio. Não ter uma personalidade empreendedora pode dificultar bastante para quem pretende ser o próprio chefe. Contudo, nem sempre existe escolha, e abrir a própria empresa se torna a única alternativa para quem não consegue se reposicionar no mercado de trabalho.Se esse é seu caso, mantenha a calma e saiba que esta não é uma batalha perdida. Esse aparente dilema entre o perfil e a necessidade pode ser solucionado com seis posturas simples, mas que, se praticadas com comprometimento, podem leva-lo ao sucesso.A primeira delas é a HUMILDADE. Por maior que sejam seus conhecimentos e sua experiência adquiridos no mundo corporativo, empreender abrange posturas e conhecimentos específicos, para os quais seus anos com carteira assinada na empresa podem não tê-lo preparado. Por mais alto que tenha sido seu cargo, não sinta vergonha por se assumir um aprendiz, principalmente, não se envergonhe por admitir que não sabe algo ou que não se sente seguro em alguma circunstância. A forma como você reage ao medo e à dúvida serão determinantes para seu futuro como empreendedor e, nessa hora, a arrogância pode te levar à grandes ciladas. Faça cursos específicos, pesquise em diversas fontes. Não se acanhe por ter que fazer um curso do SEBRAE, mesmo que já possua muitos diplomas e títulos prestigiados na parede. Não se acanhe em fazer perguntas aos mais experientes, do dono da padaria que você toma seu café ao jovem que fez sucesso com sua startup.Outra postura importante é a IDENTIFICAÇÃO. Faça algo com o qual se alinhe com sua personalidade e que sinta gosto em fazer. Não caia no erro de fazer algo que não gosta apenas porque dá dinheiro. A razão disso é muito simples: mesmo que você faça algo que ame muito, a rotina, os compromissos e as obrigações inerentes a toda atividade profissional podem transformar seu trabalho em algo enfadonho e, por vezes, tenso. Ocorre que, se você se identifica e sente prazer no que faz, fica mais fácil superar obstáculos e aborrecimentos cotidianos. Por outro lado, se o seu trabalho não lhe traz algum prazer, será muito difícil encontrar o entusiasmo e disposição necessários para encarar o dia-a-dia.O terceiro item de nossa lista é o PLANEJAMENTO. Antes mesmo de começar, coloque tudo no papel, reúna informações, estabeleça cada passo a ser dado e trace as metas a serem alcançadas. Não se iluda: na vida do empreendedor, muita coisa acaba acontecendo fora do previsto e se você não fez planejamento algum, fica muito mais difícil lidar com as contingências. Cerque-se de bons profissionais de apoio, começando pelo seu contador e, se possível, busque uma consultoria ou apoio de um coaching ou mentoria.

Não se engane, a mola mestra do sucesso de qualquer atividade é o TRABALHO. Ao abrir seu próprio negócio você é seu patrão e principalmente, responsável maior por tudo que acontece. Isso tem consequências que, muitas vezes, assustam os novatos do empreendedorismo. Você não terá mais as facilidades e a estrutura que uma grande empresa lhe proporciona. Terá que entrevistar pessoas para contratar, que negociar seu plano de saúde e de seus colaboradores diretamente com a operadora, contratar serviços de telefonia e mais um monte de outras coisas que nem pensava em fazer quando trabalhava em uma grande empresa, repleta de departamentos. Na medida que seu negócio progredir você poderá contratar pessoas para funções gerenciais e fazer delegações, contudo, especialmente no começo, você terá que pôr a mão na massa e atuar diretamente no financeiro, comercial, no marketing e tudo mais.

A DETERMINAÇÃO é a quinta postura essencial a todo empreendedor. Você tem que saber o que quer, estar seguro de si e traçar um objetivo. Seja firme, decidido e persistente. Durante sua trajetória, muitos obstáculos e acontecimentos desalentadores podem acontecer. Não se vitimize, saiba que isso acontece com todos os empreendedores, atuando como um filtro que separa aqueles que tem garra e vencem, daqueles que esmorecem, fazem corpo mole e padecem.

Por fim, a sexta postura essencial é: SEJA SEU PRÓPRIO E PRINCIPAL VENDEDOR. Você nunca terá um vendedor mais entusiasmado, motivado e interessado no sucesso de seu negócio do que você mesmo. Mais uma vez, por mais importante que tenha sido o cargo que eventualmente exerceu antes de empreender, não sinta medo ou vergonha de sair com a pasta debaixo do braço oferecendo seus serviços. Ligue para seus contatos, agende reuniões e ofereça seus novos serviços. Não tenha vergonha de estar recomeçando “por baixo”. Primeiro, porque todo trabalho é digno, segundo que, todas as pessoas diante das quais você se envergonha, se tivessem no seu lugar, estariam também batendo na sua porta oferecendo seus produtos. Arregace as mangas e saia para ganhar o mundo.

Se a necessidade de empreender aconteceu em sua vida como única forma de dar sustendo digno a você e sua família, não se apavore. Como você viu, com serenidade e algumas posturas simples você poderá ter sucesso mesmo que não tenha um perfil ideal para ser empreendedor. É possível agir e aprender a ser um bom empresário. Parodiando o velho ditado “se não tem perfil, vai sem perfil, mesmo”, sabendo que nada conseguirá impedir sua empreitada, se houver coragem, vontade e ação.

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